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terça-feira, 29 de agosto de 2023

Cavalo Marinho

 

Cavalo Marinho


Alpa, Galei – 23 de Décio de 1909

Vossa Excelência Comissária Zénith,

Antes de mais nada, obrigado por deixar aventurar-me em território estrangeiro. O caso estava engavetado no departamento da cidade de Lily e todas as vítimas ficariam sem descanso com seu assassino vagando impune. Desde o último assassinato que se passou em Fremísia (caso Gastón Soleil, de 1906), nunca mais se teve notícia de uma morte com características semelhantes em nossa república, com a graça dos bons deuses. Mas o assassino nunca foi pego.

A senhora pode bem se lembrar como o fato de não termos o capturado me deixou arrasado. Nunca parei com as investigações, o que foi visto como indício de loucura, uma obsessão. Meus detratores podem estarem certos, mas eu sabia que ele voltaria a atacar, apenas não esperava que fizesse isso no exterior. Como o caso é antigo e perturbador, ofereço a vossa excelência uma explanação dele nas linhas abaixo.

Foram ao todo cinco crianças mortas, de 3 a 8 anos de idade, quatro meninas, um garoto. Todas elas membros de famílias ricas, todas elas deixadas em casa enquanto seus familiares viajavam. Os casos são bastante afastados uns dos outros. Os dois primeiros, Marienne Hache e Loretta Du Lounge foram no mesmo ano de 1899. Ambas meninas encontradas decapitadas em suas casas. Suas cabeças nunca foram encontradas. A cidade de Lily ficou apavorada, nenhuma família rica queria viajar, foram enforcados dois ladrões e um assassino, Gerard Herbe. O homem não era o Decapitador, apenas um assassino de aluguel que caiu em desgraça com o crime organizado. Virou bode expiatório na busca pelo assassino e pagou o último preço.

Houve mais três assassinatos, um novo em Lily, em 25 de Décio 1900, outro na cidade de Loire, em 29 de Vidigácio de 1903 e o último, na capital Cennón, em 20 de Luna de 1906. Até o último, as vítimas eram todas meninas, sendo o de 1906 um menino. Sei o que falam no departamento. Que é um imitador, pois não decapita as vítimas, apenas abre o topo do crânio e espalha o cérebro da criança no chão, levando um pedaço dele. Mas eles estão enganados. É o mesmo, Vossa Excelência. E provo nas linhas abaixo.

Finalmente, quando ouvi a respeito do assassinato de Anabelli Grazzo nos Alpes Galevos tinha certeza de que se tratava do assassino que andava a procura. Anabelli foi encontrada pelo mordomo da família, em seu quarto, com o topo do crânio aberto e seu cérebro descartado ao lado, com a exceção de uma parte. Acredito que a fixação do assassino seja pelas memórias de suas vítimas. As duas primeiras ele removia a cabeça inteira, pois na época, não se tinha certeza de que parte do cérebro se origina as memórias. Mas, com o avanço da ciência, se descobriu que as memórias são armazenadas num órgão do cérebro chamado hipocampo – justo a parte que ele remove. Creio que o assassino seja abastado e escolarizado, um presto cirurgião. E que acredite que as memórias de crianças com boa infância (comumente de famílias ricas) sejam as mais adequadas para o que quer que este bastardo esteja fazendo. Felizmente, ainda não sou doido o bastante para imaginar o que este desprezível faz com esta parte do cérebro de suas vítimas, só tenho certeza de uma coisa, ele sempre volta para ter mais. Não desta vez, desta vez irei pegá-lo.

A seu serviço,

Detetive Teneriff Bastion.

A missiva acima foi expedida pelo detetive Bastion no dia 23 de Décio de 1909, desde então o referido oficial não voltou a se apresentar nem entrou em contato, o que desencadeou uma busca para localizá-lo nos Alpes Galevos.

A equipe de busca comandada pelo Tenente Leoncio Honoret seguiu os rastros de monsenhor Bastion até um chalé incrustrado nos alpes. O local estava limpo, com sinais de ter a fronte e as paredes regularmente limpas e livres do acúmulo da neve. O equipamento de esqui bem-organizado e devidamente regulado. Tudo sendo realizado por funcionários de companhias de terceiros, que foram instruídos a realizarem seu trabalho e irem embora, sem terem acesso ao interior. Entrega de comida e leite, em porções frugais eram feitas regularmente, com instruções de serem depositadas no elevador externo do chalé. Tudo indicava que o local estava habitado, mas não havia ninguém para abrir a porta. Honoret recebeu autorização de entrada forçada uma vez confirmada que o chalé estava alugado em nome de pessoa inexistente.

O chalé estava muito bem limpo e aquecido, sua decoração era sutil e de bom gosto, com motivos típicos do povo alpino Galevo. Troféis de caça, um par de armas decorando a parede, estantes de livros, mesa sólida com cinzeiro, uma grande lareira automática. Haviam porta-retratos às mesa, mas sem nenhum retrato posto neles. Além desta curiosidade, havia uma fina camada de poeira acumulada no assoalho e móveis, indicando que este não era usado a certo tempo. Não havia sinais de monsenhor Bastien até a equipe de busca resolver descer para o porão.

O porão estava desobstruído e devidamente aquecido, embora a temperatura estivesse um pouco acima do normal.

O ambiente estava escuro e uma luz forte prateada dominava o local, a luz vinha de uma espécie estranha de projetor, possuindo uma misteriosa entrada traseira circular, onde estava encaixado uma perfeita cápsula metálica. O aparato projetava sobre uma tela, uma espécie de fotomóvel onde se passava cenas bucólicas de uma criança brincando com uma rede na tentativa de capturar borboletas. O fotomóvel era feito de uma forma que dava a impressão do expectador estar acompanhando a criança na brincadeira.

Ao lado do dispositivo havia uma confortável poltrona de couro forrado com peles, posicionado de frente a uma mesa onde havia um cinzeiro e uma caixa de charutos, além de uma carta selada depositada abaixo da caixa de charutos. Há poucos metros ao lado da poltrona um grande cesto metálico com vários tipos de alimentos acumulados pela semana, em variados estados de preservação – todos intocados.

Sentado na poltrona estava detetive Teneriff Bastion, ele estava com os olhos virados ao fotomóvel com um semblante de tranquilidade jovial, era possível se discernir um sorriso de sua fina boca. Saindo de sua calça havia um tubo que era ligado a uma grande bolsa de couro sintético depositada em um cesto oculto ao lado da poltrona. Ele estava preso a fios conectados a eletrodos em suas têmporas e um mais invasivo inserido em sua nuca. Os fios se conectavam diretamente ao aparato projetor.

Detetive Teneriff Bastion não respondia a nenhum chamado, quando Tenente Honoret foi balançá-lo notou que ele estava frio ao toque, foi quando ele mandou o médico que acompanhava a equipe examiná-lo. Detetive Bastion foi declarado morto, e se encontrava assim há pelo menos oito horas.  

O tubo saindo de sua calça era um cateter que permitia o detetive a não precisar se levantar para se aliviar. A poltrona também era munida com uma latrina, na qual monsenhor Bastion se sentava. Monsenhor Bastion não estava preso de nenhuma forma, mesmo assim não parece ter tentado sair de lá ou buscar qualquer tipo de ajuda.  

A carta embaixo da caixa de charutos estava endereçada para “Qualquer oficial da lei que assumir o manto do bom monsenhor Bastion”. E dizia:

 

O nosso mundo é cheio de paisagens, cheiros, sons, gostos e texturas cheias de surpresas. Rodeamo-nos de maravilhas e terrores o tempo todo, mas somos tão centrados em nós mesmos que tudo perde o glamour, tudo se torna banal, boçal, insosso, repetitivo, passageiro. Entenda, quando crescemos somos todos bombardeados de preocupações, responsabilidades, afazeres e prazos que nos forçamos a ignorar toda a beleza que o mundo é. Matando nossa percepção do belo, do que realmente importa e transformando nossas vidas numa casca seca.

Mas não as crianças.

As crianças não possuem os grilhões da vida adulta e podem gozar de toda a beleza do mundo impunemente! Se as pessoas pelo menos pudessem reviver a beleza do mundo através das memórias de uma criança, nunca mais se atrelariam as suas vidas sem significado e apenas sorveriam o mundo como ele é!

No começo, como um cientista iniciando seu caminho no desconhecido, eu agia com descuido. Removia a cabeça do paciente, com medo de danificar algo imprescindível ao experimento. O que era um inconveniente, pois é difícil ocultar um objeto de tamanho considerável como uma cabeça em um passeio noturno dos olhos de curiosos. Mas depois do segundo paciente, descobri que não é necessário toda a cabeça, apenas uma pequena porção de seu cérebro. O transporte passou a ser muito mais conveniente, sem falar que, isolando a parte correta e a tratando com cuidado o resultado é muito mais duradouro, me poupando de ter que ir a busca de pacientes de forma frequente quanto estava fazendo.

Chamo-o de memorografo, a máquina que criei. Você aplica o hipocampo do paciente numa jarra com a solução e acopla a jarra no memorografo, em seguida, liga através de dutos e uma seringa o aparelho ao seu próprio hipocampo. O resultado é como um filme de fotomóvel, mas com todas as sensações possíveis e impossíveis de uma legítima experiência infantil! As cores vibrantes e lindas os sons magníficos, as sensações são um gozo por si só! Temo estar me viciando com as experiências. Ah, mas vale a pena! Bons deuses, como vale a pena!

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

O Retorno

 Este conto foi o primeiro que fiz de uma série que gostaria de ter feito sobre a origem de alguns super-heróis Brasileiros. Originalmente concebido em 2015, mas só finalizado em 2019.


O Retorno

 

                A sensação de estar sendo observada me desperta, abro os olhos e uma forte e intensa luz fria me cega, estou deitada nua em uma superfície metálica, deveria ser fria, mas não é. Tento me mexer, mas não consigo, tento olhar para os lados, mas também não consigo - mal consigo sentir meu corpo, sinto como se não tivesse braços nem pernas. Meu coração acelera, quero gritar, urrar, mas não consigo. Ouço um murmúrio, mas não entendo nada, não é inglês nem português, na realidade não é nenhuma língua que já ouvi. E já ouvi muitas.

 

                Uma pessoa se aproxima de mim, pálida como um fantasma, seu rosto um borrão, ele traz na mão uma espécie de agulha longa e grande, e a insere num fino tubo metálico que está ao meu lado. Meu olho acompanha o tubo, não consigo ver o final, o esforço faz o canto do meu olho doer.

                 A criatura murmura novamente, mais alto, não está falando comigo e aponta para meu corpo, tento olhar para onde, meu olho dói, vejo com meu olho direito, há algo na frente do esquerdo. Não consigo enxergar o que ele aponta, só vejo um tubo metálico, sinto algo frio no meu olho... Meu Deus! O tubo metálico, aquele tubo metálico, está enfiado no meu olho!

               

                Subitamente o quarto se enche com a voz de John Paul Young.

 

***

 

Acordo com meu despertador tocando Love is in the Air de John Paul Young. Enquanto a música preenche meu quarto, choro como uma criança sentada em minha cama. Fazia anos que não tinha esse pesadelo, ter ele assim de repente foi um choque. Começou no início de minha gravidez, a ânsia do momento e a insegurança de ter um filho me traziam esses sonhos horríveis de mesa de operação, isso segundo minha terapeuta. Convenci-me disso e os sonhos sumiram, terem retornado assim, sem aviso foi muito ruim, não me lembrava como esse sonho era tão... vívido.

 

De alguma forma a música que marcou meu casamento me acalma e tomo coragem para me levantar, tomar um banho e me vestir. Decido tomar o café da manhã no aeroporto e aproveito o tempo que me sobra para dar uma rápida revisada nos slides da reunião que terei daqui a 6 horas em Nova Iorque.

 

                Sou Diretora de Marketing de uma grande companhia de automóveis norte-americana em Fortaleza. Normalmente essas reuniões são realizadas em São Paulo, mas semestralmente ela é feita em Nova Iorque. São cinco da manhã e meu vôo sairá em 2 horas, mais que o suficiente para chegar ao aeroporto e comer alguma coisa.

 

                Meu celular toca, atendo pelo viva-voz do carro.

 

- Bom dia, meu querido! - é meu filho, Luís.

- Bom dia mãe, onde a senhora tá?

- Indo para o aeroporto, filho. Nova Iorque, lembra? Que foi, quer algo de lá? Não se preocupa que vou trazer aquele jogo que me pediu!

- Valeu mãe, mas tô ligando pra gente marcar de se encontrar no aeroporto, também vou viajar.

- Mas como assim? E a escola? Vai viajar com quem? Quem tá te levando? É seu pai?

- Não mãe, eu tô no meu carro?

- Teu carro?

- Deixa eu falar!

- Tá.

- Meu pai comprou um pra mim.

- Qual é?

- Um Gol.

- Gol? Nem mesmo um Ka? E o Ecosport  que eu te falei?

- Ele me disse que eu poderei ter o carro que eu quiser quando puder pagar por ele.

- ... é, ele tem razão.

- Eu sei, escuta, vou com a Amanda para Recife.

- E a aula, filho? Os pais da Amanda estão sabendo?

- Mãe, hoje é 07 de Setembro, feriado. Amanhã  é sábado e depois de amanhã é domingo, quando voltamos.

- Ah... Verdade

- Nos falamos mais lá, ok?

- Ok. Beijo, filho! Escuta, quando voltar quero ver esse golzim... - já desligou.

 


                Meu filho, Luís. Um rapaz alto e bonito, 18 anos, pálido que parece doente,  reservado e muito esperto. Mal terminou o Enem¹ e tem até convites de universidades conceituadas no mundo todo para estudar, mesmo assim prefere fazer Matemática na UFC², eu o amo, espero que ele saiba disso, a lembrança do sonho voltou agora e sinto grande apreensão, medo até - um mau pressentimento.

 

                Estes sonhos quase destroem minha vida, estava enlouquecendo, chegando a dizer que meu ex-marido não era pai de Luís, que eram "os outros". Ele não suportou e acabamos nos separando, Luís foi morar com ele. Ia me perder completamente até que comecei a me tratar. O tratamento era pesado, tomava 3 remédios de prescrição médica, no início eles não pareciam fazer efeito nenhum, mas aos poucos fui me esquecendo do sonho, junto com tudo mais que havia vivido antes dele. O Psiquiatra disse que isso era efeito colateral dos medicamentos, mas, com o tratamento, acabou tudo bem.

 

                Chego ao aeroporto, meu humor péssimo. Sinto uma angustia inexplicável, as memórias daquele horrível pesadelo voltando em flashes. Uma imensa preocupação pelo meu filho se abate em minha alma, luto desesperadamente para fazer a razão prevalecer, sinto meu corpo tremer com o esforço. - Dona, tá bem? - um rapaz alto de óculos escuros acompanhado por uma garota elegante e bonita me pergunta. Ambos me observam com solidariedade e preocupação polida.  -Não, tudo bem, meninos, obrigada! - minto, sorrindo sem jeito, percebo que não pareço bem, com as mãos no capô do carro, fitando o nada e tremendo, não pareço bem porque não estou. Eles insistem em me acompanhar, a delicadeza deles me ajuda a me recompor e, agora visivelmente melhor, deixam-me sozinha.

 

                Entro no Aeroporto e vou direto para a Praça de Alimentação, nem me importo em fazer o check in. Procuro por Luís no Café Donuts, lugar que combinamos nos encontrar e quase entro em pânico ao não vê-lo. Lembro-me que cheguei cedo, e que ele pode demorar um pouco mais, recomponho-me e vou fazer o check in.

 

***

                Estou na iluminada varanda da minha antiga casa, Luís sorri para mim, ele está com 1 ano e já consegue falar, todos se surpreenderam muito com isso, "como ele é precoce!", diziam, eu sorrio de volta e ele vem até mim gritando "Mãe Guida!". Abraço-o forte, ele olha com aconchego para mim, como se estivesse sentindo prazer em me dar prazer. Ouço uma voz do nada falando numa língua que não compreendo, mas sei o que ela diz; "Ele é nosso".

 

                Luís tem 14 anos agora, aquele olhar esperto dele, aqueles cabelos loiros desgrenhados jogados pra frente, mochila nas costas, com uniforme do colégio, magro e alto que dói. Estamos no meu carro, tenho uma reunião com sua diretora, aproveitei para levá-lo ao colégio, havia dito a ele que ia mais tarde hoje ao trabalho e poderia dar carona, por algum motivo achei que ele sabia que eu estava mentindo, mas não me falou nada. Ele está no 1º ano do ensino médio agora, tendo pulado dois anos. Seus amigos todos estão no 8º  ano do fundamental, e no ginásio o chamam de vários nomes "pivete, moleque, bebê" são os menos ruins.

                Ele não se importa com isso, não respondendo aos buliçosos. A diretora me falou que isso tem ocorrido, acho que ela me chamou para falar de alguma coisa que aconteceu com ele lá.

 

                Enganei-me, a diretora me chamou para dizer que ele não está mais sendo importunado, muito pelo contrário, estão evitando-o. Ela não consegue explicar como isso aconteceu, do nada, e me perguntou se Luís não parecia ter se metido numa briga, eu respondo que não. "É um de nós", a voz descarnada fala, eu tremo.

 

***

 

                - Senhora, senhora? Seu passaporte, por favor? - o rapaz do check in me olha preocupado, eu o ignoro e corro para o estacionamento, meu coração se aperta e dispara. "Ele é nosso, é um de nós" é o que continuo a ouvir em minha cabeça.

 

                No estacionamento um grupo de curiosos se aglomera em volta de um gol vermelho que bateu numa das árvores do canteiro, a segurança do aeroporto já pede espaço para socorrer os passageiros, vejo apenas uma fumaça branca do radiador do veículo subindo.

 

                Uma jovem é retirada pelo segurança com a ajuda de um taxista pelo lado do motorista, é Amanda. Acotovelo-me entre os curiosos gritando pelo nome de meu filho, as pessoas olham para mim perplexas, sem entender.

 

                -Eu vi um raio cair no carro, do nada, daí ele se desgovernou e bateu na árvore. Foi esquisito, viu? - o taxista fala ao segurança. "Ele é nosso".

 

                Amanda está com um corte horrível na testa, ela olha desesperada para mim e vem em minha direção, vejo o banco do motorista do carro, o painel amassado por cima, mas não há nenhum sinal do motorista lá, as pessoas ao redor parecem intrigadas com isso. "Será que o motorista fugiu?" "Devia estar bêbado!" "Será que morreu?" “Vocês viram aquele raio?" Eu temo o pior. - Amanda, cadê o Luís, Amanda!? "É um de nós"

 

                -Dona Margarida - Amanda fala perdida - Luís simplesmente sumiu, tia! A luz pegou ele! Simplesmente sumiu!

 

                "Ele é nosso, é um de nós", ouço com clareza na minha cabeça. O sol brilha forte no céu sem nuvens, testemunha e cúmplice dos acontecimentos abaixo. Não me dou conta, mas caio de joelhos, olhando para o astro tão quente e indiferente, grito uma negação, a mais profunda, prolongada e lamuriosa negação de minha vida.

 

                - Devolvam meu Luís, é meu Luís!

1 -  O Exame Nacional do Ensino Médio, mais conhecido como Enem, é uma prova que dá acesso às instituições de ensino superior. O Enem foi criado pelo MEC e lançado em 1998.

2 - Universidade Federal do Ceará