Prólogo
Decidi escrever as minhas historias. Na realidade em nem pensava nisso, mas o Saeven, um grande amigo meu, insitiu que eu o fizesse, porque ele gosta muito delas. Então eu decidi escrever.
Já escrevi e ilustrei um bestiário de monstros que enfrentei ao longo desses últimos anos, mas nunca escrevi histórias, então essa é a minha primeira vez escrevendo uma historia que deve ter um começo, um meio e um fim. Não sei como vai ser o fim, porque ainda não morri. E quando eu morrer não vou ter como escrever o fim. Mas Saeven disse que eu devo escolher um período de tempo da minha vida, e esse período de tempo vai ser essa história.
Então decidi escrever sobre a minha infância e adolescência, porque o caminho da minha vingança muitos já sabem, e não é só meu para eu escrever sozinha. Além do mais, todos gostam das histórias da minha infância e adolescência, então vai ser isso. Bem, sem mais delongas, assim eu começo ela.
Ao norte do continente, onde muitos acreditam ser o fim de
tudo que é conhecido, existe a Espinha do Mundo que para os civilizados do sul
é apenas uma cordilheira infindável e impassável cheia de montanhas altas,
traiçoeiras e cobertas de gelo onde a vida é dura e difícil, quando existente.
Para os Bárbaros Uthgardt da tribo da Grande Serpente, a vida na Espinha do Mundo é uma dádiva sagrada concedida pela Grande Serpente que poucos conseguem, mas que vale a pena lutar com todas as forças e morrer por ela. Para mim, é minha infância e adolescência, minha família, meu modo de vida, meu lar e meu destino.
Sou membro de uma família chamada Dermin que era o nome de
meu avô por parte de pai. Meu pai se chama Klaus Dermison um orgulhoso
guerreiro e senhor de guerra, ele veio de um povo duro do além-mar, mas com
costumes e modo de vida muito parecido com o nosso, e se juntou a tribo após
demonstrar ser digno de ser um de nós. Minha mãe, Muiren Dermin, tem sangue
antigo e nobre de grandes homens do passado que viviam em cidades nas nuvens e
controlavam os elementos. A água, a chuva, os ventos, a tempestade e geadas, o
fogo, a terra e o tremor.
Eu tinha 6 irmãos, Dounir é meu irmão mais velho, alto com
cabelos negros iguais da minha mãe, muito forte e carismático, tem espírito de
líder e de guerreiro e eu o admiro. Kant e Beladas eram gêmeos e foram o
segundo e o terceiro. Os dois de cabelos negros e longos, mas Kant era mais
explosivo e irritado, enquanto Beladas parecia que não conseguia perder a
cabeça nunca! Culmin, o quinto era ruivo, como eu, gostava de manter o cabelo
curto e queria ter uma longa barba quando ficasse maior, era orgulhoso e
brincalhão, tinha nosso pai como fonte de admiração, Leif, o sétimo, era o
caçulinha, loiro como meu avô por parte de pai, desde cedo demonstrou talentos
musicais, e falava para todos que substituiria o bardo¹ da tribo e seria melhor
que ele! O quarto morreu antes de completar um ano, então nem nome ganhou. O
número quatro é de má sorte entre os Dermin, e por isso não gostamos de quartas
tentativas. Se não acertamos em três já ficamos nervosos, por isso nos
esforçamos para acertar logo de primeira. Hoje acho que isso é besteira.
Sou a única mulher e a sexta, e me chamo Serena, é um nome bom para uma mulher, segundo meu pai, um nome exótico, vindo de distantes terras do sul que meu pai visitou uma vez quando criança. Diz ele que se apaixonou por uma Serena lá.
Nasci ruiva como ele e cabeça dura como ele também. Meu pai
queria que eu fosse a menina doce e serena da família e que me casasse com um
poderoso guerreiro da tribo, ou mesmo um xamã, mas bem, o plano dele saiu fora
do controle e sou o que sou agora, serena, só no nome.
1. Um contador de histórias, normalmente conta as histórias através de poemas e canções.
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