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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Apelar e ser apelão é ruim? NÃO! É BOM! Diferenças entre apelar e otimizar.



Tenho um amigo meu que morre de medo da alcunha de apelão, e que se esconde em falácias como “sou muito azarado, por isso preciso minimizar as chances de meus personagens de serem ruins” ou “estou apenas otimizando meu personagem”.

Quanto a azar, não há o que fazer. Se isso existe mesmo, não importa o quanto você apele, não vai dar certo.

Quanto a otimizar o personagem, bem... qual a diferença entre otimizar e apelar? E porque apelar NÃO É RUIM!?

A diferença entre os termos é muito tênue.

Meu grupo mais antigo é composto por um bando de macacos velhos. Eles adoram o RPG, mas morrem de medo de entender regras novas! Preferindo inclusive jogar as versões mais antigas do jogo! Ok, beleza, tudo bem! Mas eu como desginer de jogos fico triste, pois eles não exploram as regras que eu criei. Sinto falta da veia de apelão deles (sou eu que otimizo os personagens deles).

Otimizar ficha é pensar em um personagem com carinho, e após estar tudo definido na imaginação sobre sua cultura, tipos de magias e armas dessa cultura, etc. Procurar regras que deixem ele bom naquela coerência que você montou para ele.

Por exemplo, um jogador faz um mago especialista em magias de fogo. Pouco importa para ele se magias de gelo são mais fortes, ele nem as vê. Ele vê todas as de fogo e escolhe as melhores. Ou um cavaleiro medieval, pouco importa para o jogador se a melhor arma é a espada japonesa, ele nem passou os olhos por ela. Mas ele otimizou seu personagem para lutar o melhor possível com escudo, espada longa, lança e mangual.

Katana? Isso é nome de algum ser infernal? Eu o mato com um golpe de minha leal espada longa! -Jogador otimizador.


Apelar é juntar todos os benefícios possíveis em uma única ficha sem se importar com o personagem, com a personalidade dele ou mesmo com a coerência de suas habilidades. Personalidade, roleplay e coerência são opcionais para o apelão.

Mas alguns apelões (e eu sou um deles!) conseguem juntar tudo quanto é regra, apelando mesmo, sem coerência nenhuma e depois amarrar uma coerência em tudo como nunca ninguém imaginou!

Por exemplo, o apelão vê que katanas são as melhores armas do jogo e armaduras completas são as melhores armaduras disponíveis. Mas o jogo vai ser numa campanha no estilo viking, onde não existem armaduras completas nem katanas. Ele faz o build em volta do uso de katanas e armaduras completas. E no jogo, diz que seu personagem é um oriental que estava em uma expedição no ocidente e se apaixonou por armaduras completas dos cavaleiros medievais e passou a usar uma, quando seu navio naufragou e foi resgatado por vikings. Ou que é um viking que conseguiu armadura completa e katanas em expedições mais para o sul e para o oriente, se apaixonou por elas e se especializou nelas. Isso é apelar e criar uma coerência.


Achei esse build de usar foice e Grande Machado no Complete Guide to Break Games... Ops! quer dizer, passei minha vida inteira treinando no uso destas armas!! -Jogador apelão.

Otimizar seria ele tentar tirar o melhor da luta com machados, espadas longas, cotas de malha e escudos de madeira armas e armaduras típicas de um viking.

Eu como mestre não proíbo nada, nem apelões! Gosto deles até! Eles me desafiam, encontram falhas na regra que mais tarde eu posso consertar! Se interessam pela mecânica do jogo e isso faz eu gostar deles mais ainda. Fico triste quando não tem um no jogo, pois mecânica é parte do jogo, o otimizador de personagens nem quer olhar aquela magia de gelo mais forte do que as de fogo "porque meu personagem é um mago de fogo e não quer usar gelo". Nem vê aquela arma japonesa de crítico altíssimo porque "meu personagem é um cavaleiro no estilo europeu, nem sabe que isso existe". Já o apelão vê tudo!

Se você cria builds primeiro e depois coloca um personagem em volta dele, se você vê qual a melhor arma, de maior dano e maior crítico, vê qual magia causa mais dano e mais debuffs ao mesmo tempo e só depois pensa em como juntar tudo isso no seu personagem de forma coerente (ou não), então parabéns! Você é apelão! Se as regras no jogo forem sólidas, não há mal nenhum em ser um! E não há regra no jogo que o impeça a ser apelão! Mas seja um apelão consciente! Não estrague a diversão dos outros e busque trazer coerencia a seu personagem! Essa é a regra.

7 comentários:

  1. Sempre me considerei alguém que otimiza, mas por esta definição sou apelão... Viva os apelões que apreciam a verosimilhança.

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  2. Eu procuro otimizar meus personagens e ser coerente para o roleplaying. Mas ser coerente de verdade, não criar desculpas para justicar pegar coisas totalmente incoerentes, como esta história do oriental com armaduras ocidentais no cenário viking. Não há verossimilhança nenhuma nisso.

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  3. Sou mais um otimizador mesmo que um "apelão"... não vejo problemas em coisas fora do "comum" mas definitivamente só as incorporo se consigo criar uma história plausível.

    Se a "apelação" vem com o passar de níveis, somente a aplico se o mestre me dá ingame, condições na narração pra justificar.

    Dou um exemplo:
    Na 3.5, criei um rogue/warrior especialista em combate corpo a corpo, com weapon finess, que primava pela movimentação em campo de combate e que eventualmente se transformaria em um Dervish dancer.

    Cheguei a criar o background dando embasamento pra isso, citando uma relação amorosa do personagem durante a juventude, com uma mulher que escoltava juntamente com suas "irmãs" uma caravana do extremo sul.

    No background, deixava claro que havia sido uma relação muito intensa e que ele só não havia seguido com ela por conta de suas obrigações para com a família, mas que havia prometido reencontra-la mais pra frente em sua vida.

    O mestre, não muito afeito a usar ganchos do background, nunca gerou acontecimentos em relação a isso, então eu não me senti confortável de continuar seguindo o build planejado e acabei por tornar ele em um arcane trickster por conviver desde a criação do grupo com um mago que sempre tinha boas soluções para os problemas enfrentados, apesar de isso ter atrapalhado bastante a mecânica do personagem.

    Preferi sacrificar a efetividade do personagem nas batalhas, virando um solucionador de problemas do que simplesmente dizer que o personagem "do nada" aprendeu a sair rodopiando pelo campo de batalha...

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    1. Muito legal, teu jeito de agir, espero que, no fim, acabou se divertindo de qualquer forma!

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  4. Sou mais um otimizador mesmo que um "apelão"... não vejo problemas em coisas fora do "comum" mas definitivamente só as incorporo se consigo criar uma história plausível.

    Se a "apelação" vem com o passar de níveis, somente a aplico se o mestre me dá ingame, condições na narração pra justificar.

    Dou um exemplo:
    Na 3.5, criei um rogue/warrior especialista em combate corpo a corpo, com weapon finess, que primava pela movimentação em campo de combate e que eventualmente se transformaria em um Dervish dancer.

    Cheguei a criar o background dando embasamento pra isso, citando uma relação amorosa do personagem durante a juventude, com uma mulher que escoltava juntamente com suas "irmãs" uma caravana do extremo sul.

    No background, deixava claro que havia sido uma relação muito intensa e que ele só não havia seguido com ela por conta de suas obrigações para com a família, mas que havia prometido reencontra-la mais pra frente em sua vida.

    O mestre, não muito afeito a usar ganchos do background, nunca gerou acontecimentos em relação a isso, então eu não me senti confortável de continuar seguindo o build planejado e acabei por tornar ele em um arcane trickster por conviver desde a criação do grupo com um mago que sempre tinha boas soluções para os problemas enfrentados, apesar de isso ter atrapalhado bastante a mecânica do personagem.

    Preferi sacrificar a efetividade do personagem nas batalhas, virando um solucionador de problemas do que simplesmente dizer que o personagem "do nada" aprendeu a sair rodopiando pelo campo de batalha...

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  5. Bom, eu tenho um personagem em outro cenário que se apaixonou por mutações ao ver seu pai, que é um mago, criar e lidar com as mais variadas criaturas. Ele chega a atacar 72 vezes numa rodada completa. Mas eu vi que estava sem graça para os outros personagens e resolvi trocar para um outro baseado em manobras de combates. Por mais que eu tenha ajudado a todos a otimizar, nenhum deles achava bom quando era meu turno.

    Eu gosto de otimizar, mas o meu mestre tem o mesmo problema que o citado ali, ele não se aprofunda na história do personagem descrita no BG.

    Mas eu fiquei curioso sobre uma coisa: Essa build o machado e da foice existe? Se sim, pode me passar ?

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    1. Olha, se existe, eu não sei! Mas 72 vezes!?! Isso é um bocado! Usou o famigerado Summoner de Pathfinder? Ou foi uma bizarrice do 3.5?

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